Pode sim, um partido ser de esquerda e direita ao mesmo tempo
Colaboração de Sara Albuquerque, Brasília-DF
PT, Psol e PCdoB são bons exemplos disso. Engana-se quem pensa que é impossível um partido ser de esquerda e de direita ao mesmo tempo. No mundo todo há vários casos assim, como o Partido Socialista Operário Espanhol-PSOE que, embora socialista e operário, já governou a Espanha com Felipe Gonzales e José Luis Zapatero, sempre com políticas privatistas dos partidos de direita.
No Brasil, ocorre o mesmo. Veja-se o caso do PT. Desde 2003 no governo, nada faz senão aplicar a política neoliberal dos partidos de direita, embalada em um programa social - Bolsa Família - bem ao estilo também das velhas corporações direitistas. Segundo a própria imprensa burguesa, nos governos petistas os banqueiros e grandes empresários ganharam e ganham tanto ou até mais que nas gestões dos partidos de direita mesmo. Isto sem falar que Dilma escalou para seu segundo mandato um ministério de dar inveja até à antiga Arena, partido de direita do regime militar. Mas o PT é também de esquerda. Tem guerrilheiros como Valter Pomar e até trotskystas, como Markus Sokol.
Na mesma linha segue o PCdoB. Até no nome é comunista, mas compõe o governo direitista do PT. Um dos seus principais líderes, Aldo Rebelo, é autor do Código Florestal (junto com a ruralista Kátia Abreu), que entrega nossas florestas e meio ambiente aos interesses de poderosos grupos econômicos do setor.
Até o mais novato PSOL já se modernizou e é também um partido de esquerda e direita. Basta ver que Luciana Genro já foi financiada em campanha eleitoral pela poderosa Gerdau, e que o senador Randolfe Rodrigues já se aliou no Amapá com o DEM e o PTB. Randolfe saiu recentemente do PSOL não porque este o expulsou, mas sim porque talvez não tenha sabido conviver com um partido que é de esquerda e de direita ao mesmo tempo.
Por isso, pode sim, um partido ser de esquerda e direita ao mesmo tempo.